terça-feira, 2 de agosto de 2011

Udaipur

Ah, Udaipur…. Esta sim é uma cidade realmente agradável. Sim, você leu corretamente: agradável!!!

As ruas continuam estreitas, as vacas continuam a passear por ali, as motocicletas e rickshaws continuam a buzinar, mas algo é diferente: a cidade é limpa e a energia no ar é excelente.

Udaipur é conhecida como a cidade dos lagos, ou a “Veneza Indiana”, obviamente por causa dos seus lagos e de seus palácios “flutuantes”, o que dá à cidade um clima meio europeu e enche seus cidadãos de merecido orgulho. A cidade também foi palco das filmagens do filme “Octopussy” da série James Bond – 007, em 1983, fato este alardeado aos quatro ventos pelos habitantes locais. Só para se ter uma idéia da importância do filme para a cidade, ele é passado em alguns hotéis e restaurantes, religiosamente, todos os dias às 19:00 horas nos últimos vinte e sete anos!!!

Chegamos a Udaipur por volta das 04:30 da manhã planejando ir direto para o Hotel Gangaur Palace, indicação do guia Lonely Planet. Pegamos um rickshaw na parada do ônibus e solicitamos ao motorista para nos levar até lá. Ao chegarmos ao local, surpresa!!! O hotel estava fechado. Foi mais um pequeno macete aprendido às duras penas: se você vai chegar em alguma cidade da Índia de madrugada ligue e peça um traslado para o hotel. A maioria deles oferece o serviço, pago, é claro, e na maioria das vezes sai mais caro do que contratar você mesmo o transporte. Porém você não correrá o risco de “dar com a cara na porta”.

Como o hotel só abriria por volta das oito da manhã, tínhamos duas opções: sentar na porta e esperar ou procurar outro local. Felizmente sempre existe um vivente de plantão pronto para lucrar algumas rúpias com turistas burros como nós. O motorista nos levou para um lugar próximo onde um homem já nos esperava à porta de seu hotel. Ele nos cobraria Rs 500 por um quarto em seu suposto raveli.

Raveli, para quem não sabe, é, segundo o meu entendimento, uma construção tradicional e antiga, reformada e adaptada para ser um hotel. Assim, quando visto por fora aparenta ser um simples e horroroso prédio, mas quando do lado de dentro revela-se um pequeno oásis para os olhos, com paredes, tetos, janelas, escadas e corrimões finamente decorados com pinturas e arabescos esculturais, verdadeiras obras de arte artesanais preservadas por centenas de anos.

Porém o pretenso raveli era apenas um prédio velho e mal enjambrado, um simulacro barato ou um “porcareli”. Tentei pechinchar para umas Rs 300 mas o rapaz ficou nas Rs450 e a diária venceria às 10 horas da manhã daquele mesmo dia. Logo apareceu um outro rapaz que nos ofereceu um quarto no Palace Guest House à Rs 300 por uma diária até às 10 horas da manhã do dia seguinte. Claro que aceitamos a oferta deste último, nos alojamos e fomos dormir, já que a viajem até Udaipur não tinha sido das melhores.

À tarde fomos dar um passeio à pé pela parte norte do lago, onde descobrimos um jardim delicioso e muito bem cuidado. No dia seguinte deixamos o pequeno quarto que nos hospedara e fizemos check-in no Hotel Gangaur Palace, como planejado. Este sim um autêntico raveli, com um excelente café da manhã, infelizmente não incluído na diária, com pães de fabricação própria, no melhor estilo alemão, dirigido por um competente e muito prestativo gerente, onde pagamos as mesmas Rs 300 por um quarto bastante confortável e limpo. Porém nem tudo são rosas, mas isso eu já conto já já.

Fomos, então, visitar o “City Palace”, um palácio que até recentemente vinha servindo de moradia para o marajá de Udaipur. A visita realmente vale a pena: os ingressos custam Rs 60 por pessoa mais Rs 200 para entrar com a câmera. Com as carteiras de estudantes o ingresso fica em Rs 30. Confesso que paguei as Rs 200 para entrar com a máquina fotográfica meio que a contragosto, mas no final não me arrependi; ficaria arrependido se não tivesse nenhuma foto daquele magnífico palácio. Claro que algumas de suas salas, com seus vidros multicoloridos e de gosto duvidoso, mais se parecem com uma boate gay da década de 70, as quais, diga-se de passagem, eu nunca freqüentei. A visita toda leva cerca de duas horas.

Aproveitando o final da tarde fomos até o zoológico local, que está mais para um parque com alguns animais engaiolados. Para os fins de tarde existe também a opção de realizar um passeio de barco pelo lago e dali ver o por do sol pela quantia de Rs 300 por pessoa. Voltamos para o hotel e ai alguns problemas começaram a aparecer: o Gangaur Palace fica bem ao lado do Gangaur Ghat. Lembam-se? Um Ghat é um acesso ao rio ou lago, onde são realizadas cerimônias religiosas e o Gangaur é o maior ghat de Udaipur. Para nosso azar haveria um mega festival naquela tarde e noite. Bom, pra mim parece que na Índia nem todo dia é dia de índio, mas todo dia é dia de festival.

E foi o raio do festival começar e o nosso sossego acabar. Uma centena de bandas compostas por toda a sorte de bateria, trompetes e trombones, tocando coisas que só na Índia podem ser consideradas música, com pessoas berrando frases em hindu por alto-falantes e milhares de outras respondendo a ladainha, tudo isso conjugado a fogos de artifício tornaram a simples permanência no quarto insuportável. Era como dividir o quarto com uma manada de elefantes cantores, sapateadores e terrivelmente enfurecidos. Foi já bem tarde da noite que, finalmente nos deram uma trégua. Mais tarde descobri que os hotéis do outro lado do lago são bem mais sossegados.

Em nosso último dia em Udaipur resolvemos variar um pouco e fugir do circuito turístico de restaurantes. Não é que a comida seja ruim. Na verdade, foi no restaurante bem em frente ao nosso hotel que eu pude comer o melhor Panir Pasanda imaginado. Mas estes restaurantes sempre oferecem pratos mais adequados ao paladar ocidental. Então fomos ao Bawarchi Fast Food, bem no centro do mercado de especiarias. Eramos os únicos estrangeiros no local, o que nos valeu uma série de olhares curiosos e desconfiados. Porém a comida era excelente. Pratos à la carte são servidos no térreo, sendo o segundo piso reservado para o Thali, servido no sistema de rodízio “all you can eat” por módicas Rs 70 cada.

Depois de comprarmos as passagens de ônibus “sleeper” para Jaisalmer pagando Rs 450 cada e intermediadas pelo nosso gerente de hotel, perguntamos a ele se haveria algum lugar para deixarmos a bagagem após o check-out. Ele, muito gentilmente, nos ofereceu pagarmos apenas meia diária e com isso poderíamos permanecer no quarto até a hora de nossa partida.

Às oito da noite deixávamos o hotel e Udaipur. Destino: Jaisalmer… De ônibus… Sleeper… Oh não!!! Seria essa outra viagem dos infernos??? Não perca o próximo episódio.

Para ver algumas fotos de mais essa “roubada” clique aqui.

De Pushkar a Udaipur

Bizarro!

Esta é a única definição possível para a viagem entre Pushkar e Udaipur. Tão bizarro que merece um capítulo especial só para ela.

Decidimos ir de ônibus até Udaipur. Fomos a uma pequena agência de viagens para nos informarmos do preço: RS270 cada utilizando a opção “Sleeper”, espécie de cabine com cama no ônibus noturno. Pareceu-nos interessante o bastante para comprarmos lugares para as 19:00. Porém, tomaríamos inicialmente um ônibus iria para Ajmer onde alguém estaria nos esperando para nos transferir para outro ônibus, este sim para Udaipur.

Às 18:30 estávamos no local de onde o ônibus sairia. Acomodamos as mochilas em uma saleta ao lado da agência e ali esperamos. Bom, por agência entenda-se um cubículo de 3×3 metros com uma porta que dá para a rua. Às 19:00 fui perguntar se o tal ônibus chegaria no horário e o dono da agência começou a gritar coisas desconexas em uma mistura de inglês e hindu que eu mal conseguia entender, perguntando se eu possuía um ticket, saída imediata, qualquer coisa lá adiante. Outro homem em uma motocicleta aproximou-se e disse para segui-lo, pois ele mostraria o local de embarque.

Rapidamente vestimos as mochilas e em vão tentamos acompanhar aquele rapaz em sua motocicleta em meio ao rebuliço das ruas de Pushkar. Após uns seiscentos metros de desabalada carreira alcançamos o rapaz que nos mostrou o tal ônibus “prestes a sair”, o último de uma longa fila, uns trezentos metros adiante. Apertamos o passo e finalmente alcançamos o ônibus que partia, onde, após meia hora de espera, finalmente aparece um sonolento motorista para nos abrir a porta.

Esta primeira parte da viagem levaria cerca de meia hora. Uma hora depois de partir, ainda sem nenhum sinal da cidade de Ajmer, entramos em uma rua mal iluminada em uma pequena vila no meio do nada, onde o ônibus manobrou e parou. Meus instintos brasucas imediatamente acenderam uma luz vermelha e tocaram o alarme de perigo dentro da minha cabeça: roubo, assassinato e estupro eram as únicas palavras que me vinham a mente. O motorista nos avisa que ele e o seu “co-piloto” farão um “break” de cinco minutos, o “copiloto” acrescenta “casa de amigos” e eu penso “hora perfeita para uma visita social”. Após alguns minutos de tensa espera e o embarque de algumas caixas no ônibus, prosseguimos a viagem por mais uns trinta minutos, quando alcançamos uma grande cidade, esta sim Ajmer.

O ônibus estacionou em uma área de terra batida que no Brasil seria o local perfeito para um campo de futebol de várzea, mas que, aparentemente, na Índia é o local ideal para uma rodoviária. Um rapaz adentrou ao ônibus e começou a gritar algo que vagamente lembrava a palavra “Udaipur”, apontando para um lugar qualquer à frente. Neste local havia um “ricksaw de carga”, composto por uma pequena cabine onde só cabia o motorista e uma grande caçamba. O motorista nos orientou a colocar as mochilas na parte de trás e sentarmos com ele na minúscula cabine. Declinando à honraria embarcamos na caçamba e seguimos caminho para o local onde, supostamente, o ônibus para Udaipur nos aguardava.

Ruas escuras, casebres servindo de pontos comerciais, muita sujeira pelas ruas. Esse era o panorama das redondezas, que muito se parecia com o mais remoto e perigoso subúrbio carioca. É incrível como a Índia se parece com as partes mais pobres do Rio ou de Salvador. E é claro isso desperta em mim os mais primitivos instintos de sobrevivência. Novamente alarmes soavam em minha cabeça.

Trafegamos alguns quilômetros mais e o motorista parou em um destes pontos comerciais na beira de uma avenida. Perguntei se era este o local do ônibus e ele disse que não, que pararíamos para comer. Menti, dizendo já termos jantado e que gostaríamos de seguir direto para a outra rodoviária. Muito a contra-gosto ele reiniciou o trajeto. Poucos minutos depois ele para de novo e mais uma vez pergunto se havíamos chegado. Obviamente não: paramos para ele ingerir qualquer coisa contida em um pequeno copo, que, é claro, eu preferi não saber do que se tratava.

Prosseguíamos para cada vez mais longe do movimentado centro de Ajmer, para lugares onde o Escadinha não se arriscaria sozinho, causando um verdadeiro rebuliço em meus instintos de brasileiro. Finalmente alcançamos uma rua onde, incrivelmente, havia, não um, mas vários ônibus estacionados, e entre eles o nosso. Fiquei tão agradecido por estar vivo que resolvi dar ao nosso simpático motorista RS20 de gorjeta. Passados alguns minutos ele me procura dizendo haver uma taxa de RS20 pelo transporte das malas. Sem dar muita bola apenas disse-lhe que então estávamos quites. Contrariado ele foi-se.

Alguém colocou nossas malas no bagageiro do ônibus, que, é claro, não possuía qualquer tipo de tranca. Tentei ficar vigiando o bagageiro pelo maior tempo possível, mas o motorista insistia para que eu tomasse o meu lugar. Entreguei as malas a Deus e tentei localizar nosso lugar: “Sleepers” 7 e 8. “Sleeper” é simplesmente uma cama simples ou dupla, colocada exatamente onde no Brasil costuma-se encontrar o bagateiro interno do ônibus. Existem as tradicionais poltronas e sobre estas os tais “sleepers”. Tentei o meu melhor palpite para adivinhar onde seriam os “sleepers” 7 e 8, já que não existia qualquer forma de numeração.

O esforço foi intenso: tentar acomodar duas pessoas com toda bagagem de mão em um cubículo de 180x130x60 cm, através de uma pequena porta deslizante exige um certo grau de contorcionismo. Felizmente e finalmente estava tudo ajeitado e as cãibras controladas.

Ledo engano!!! Estávamos nos assentos errados e não tinha conversa: tínhamos que mudar. É interessante como em meio ao caos generalizado da Índia algumas coisas aleatórias, como números de assentos, são importantes e merecem ser respeitadas. Mas fazer o que? Mudamos para os assentos corretos.

Pronto! Assentos corretos, bagagem ajeitada, ônibus em movimento. Cansado, comecei a cochilar e meu último pensamento foi a imagem de um jovem indiano feliz da vida carregando minha mochila retirada do bagageiro segundos antes do ônibus por-se em movimento…

Não sei ao certo por quanto tempo dormi até ser acordado por frenéticas batidas à porta de nosso cubículo. Um homem, em um tom que me pareceu bastante agressivo, dizia coisas que levei alguns segundos para entender como sendo “Isto é seu? Você esqueceu aqui fora!”. Era o meu laptop!!! Na confusão da mudança de cabine, larguei o computador em algum lugar qualquer. Ah, se fosse no Brasil…

A viagem prosseguiu sem maiores incidentes. No meio da noite paramos na versão indiana dos postos “Graal”: uns seis ou sete casebres de madeira na beira da estrada com suas enormes panelas fumegantes vendendo massala chais, doces e pratos salgados. Atendendo ao chamado da natureza, desci do ônibus e tive a oportunidade de conhecer o segundo pior banheiro do planeta; sim, o segundo, porque o primeiro eu conheceria mais tarde na outra parada do ônibus. A diferença entre os dois é sutil, mas você pode notar-la pelo tempo que você leva para sufocar com as intensas emanações de amônia. Ao menos o lugar é completamente livre de germes; germe nenhum poderia viver naquelas condições. Soube que os germes remanescentes mudaram-se pouco tempo atrás por falta de salubridade do local.

Necessidades satisfeitas, assentos retomados, queimaduras pulmonares tratadas e algumas horas e quilômetros mais tarde alcançamos nosso destino final. Eram quatro e meia da manhã e meus pensamentos enquanto saía da cabine e descia do ônibus eram todos a respeito de como eu faria para me virar na Índia sem a minha mochila. Vã preocupação: lá estava nossa bagagem, sã e salva, atirada no chão poeirento de Udaipur, sendo pisoteada, atropelada por uma motocicleta, imunda, coberta de poeira, mal tratada, mas ainda lá.

Esse é, pois, o paradigma indiano: confusão generalizada, onde dificilmente poderia acreditar-se que algo venha a funcionar. Porém, subitamente do caos faz-se ordem, as promessas se realizam e as coisas simplesmente acontecem, pois, aparentemente, alguém ou alguma coisa ainda está no controle da situação.

Pushkar

Pushkar é uma das muitas cidades santas da Índia. Segundo a lenda, Brahma, o Deus, não a cerveja, deixou cair sobre a Terra uma flor de lótus. Neste lugar formou-se um lago e ao redor dele Pushkar, com seus muitos e importantes templos. O lago, rodeado por edificações, abriga cinqüenta e dois “ghats”, uma espécie de portal que dá acesso à escadarias que levam às margens do lago, onde centenas de pessoas executam seus rituais de lavagem e banhos de purificação.

A cidade é barulhenta e agitada, com milhares de pessoas se espremendo em estreitas ruas compartilhadas com vacas, motocicletas e carrinhos de bugigangas. Felizmente os automóveis foram banidos do movimentado centro. Como os atrativos da cidade são basicamente os seus diversos templos, se você não é um bramanista, provavelmente não achará esta cidade especialmente interessante.

Conhecemos um casal inglês na viagem de ônibus entre Jaipur e Pushkar e resolvemos ir para o mesmo hotel, ou melhor, “guest house” ou ainda, mais especificamente, “The Milkman Guest House”, já que este local possuía boa indicação no guia “Lonely Planet”. Se me permitem a citação em inglês: “A terrifically welcoming family house with cheeky frescoes in cosy but clean rooms. Plants galore sprout from every nook and cranny and there’s even a lush lawn on the roof top.”, ou traduzindo “Uma casa de família intensamente acolhedora, com afrescos travessos em quartos aconchegantes, porém limpos. As plantas brotam em abundância de cada canto e recanto, havendo ainda um gramado exuberante na cobertura.”
Esta e somente esta é a informação que o guia traz! Bom, pela descrição parece ser um lugar tão fantástico quanto a fábrica de chocolates do Willy Wonka. Eles só se esqueceram de colocar uma informação que talvez seja importante para alguém que ali deseje se hospedar: os quartos não tem banheiro privativo. Esta é, pois, a minha primeira e maior crítica ao guia “Lonely Planet”: muita poesia e frescura e muito pouca informação.

Como a cidade não oferece muitas outras opções, nosso primeiro dia foi visitar o lago, passear pela cidade e degustar os famosos doces indianos.
No segundo dia optamos pela longa caminhada de uma hora, morro acima, até o “Savitri Temple”. A caminhada é árdua, o morro possui escadarias íngremes e desiguais, mas ver homens, mulheres, crianças, velhinhos e velhinhas enfrentando a difícil subida lhe dá ânimo para prosseguir. No alto somente o templo de Savitri e uma magnífica vista do lago e da cidade de Pushkar. Ali tivemos a oportunidade de conhecer dois verdadeiros “Holy men” ou homens sagrados. Eles, assim como os falsos “holy men” vestem trajes sumários, por vezes andando nus, usam pinturas características na testa e muitas vezes se pintam com cinzas humanas.
Então como diferenciar um “Holy man” verdadeiro de um falso? De fato é bem simples: os verdadeiros não querem o seu dinheiro. Assim como todos e tudo mais na Índia, os falsos “holy men” somente estão interessados em separar turistas de suas rúpias, vendendo bênçãos e pedindo dinheiro para deixarem-se fotografar.

O caminho de volta prosseguia sem maiores incidentes até que, exageros à parte, eu me deparei com a mais terrível experiência da minha vida. Lá estava eu, caminhando lépido e faceiro, quando um homem me abordou tocando sua “saranji”, uma espécie de violino, mas que possuía um som era bastante desagradável. Os padrões musicais dos instrumentos na Índia é muito diferente dos nossos, mas eu tenho plena certeza que aquele instrumento em particular soava completamente desafinado para qualquer padrão deste planeta. Incomodado com a “dissonantíssima” melodia resolvi apertar o passo. Creio que isso foi tomado como um gesto de aprovação, porque o infeliz começou a cantar. Bem, cantar é apenas uma figura de linguagem, porque acredito ser isso que ele tentava e nem remotamente conseguia executar.
O som emitido era simplesmente medonho, algo que povoará os meus piores pesadelos pelo resto da minha vida, difícil de ser traduzido em palavras, mas que com algum esforço eu definiria como sendo a somatória do som emitido por um gato sendo torturado, com a Yoko Ono fazendo “back vocal”. A essa altura eu já estava quase correndo, na esperança que um de nós dois tropeçasse e caísse de um penhasco, quando finalmente e felizmente o rapaz desistiu de me seguir, indo torturar outro vivente. Eu não estou bem certo, mas eu acho que a idéia é emitir aquele som horroroso até que alguém pague a ele para parar.

Satisfeitos com nossa estadia em Pushkar, onde, para mim, dois dias foram mais que suficientes, resolvemos ir de ônibus até nosso próximo destino: Udaipur.
Acontece, porém que o ônibus somente partiria à noite e nossa diária vencia ao meio-dia. Assim sendo fizemos o “check out”, pagando a bagatela de Rs250 por noite, mais uma significativa conta de restaurante, mas pedimos permissão para permanecermos nas instalações da pousada por mais algumas horas, almoçar e ali matarmos algum tempo é incrível, mas logo após pagarmos a conta, os rostos até então sorridentes e acolhedores dos donos da casa e empregados, subitamente se transformaram em caras feias e mal-educadas, com algumas pessoas nos tratando realmente mal.
Aborrecidos com os acontecimentos deixamos a pousada antes do horário previsto e fomos “matar o tempo” em um restaurante. Pois é, meu amigo ou amiga, acostume-se com a idéia: viajando pela Índia você será visto, na maioria das vezes, apenas como uma carteira, onde o único indisfarçável interesse é pelo seu dinheiro.
Mas não há de ser nada… Próxima parada Udaipur.

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Jaipur

Após uma viagem tranqüila de 4 horas no trem 2015A, descemos na estação em Jaipur em meio a novo frenesi. Após a agitada passagem por Delhi, rapidamente aprendemos a ignorar os “solícitos passantes” e foi exatamente isso que fiz ao ser abordado por um tipo baixinho e musculoso que oferecia serviços de rickshaw. Porém ao mencionar que faria a corrida por Rs20 (rúpias) para qualquer hotel, rapidamente passamos a dar-lhe a devida atenção. Claro que esta pechincha estava vinculada a uma posterior oferta de serviços no dia seguinte, mas quem se importa? É só dizer não…

O hotel escolhido foi o Pear Palace, recomendado pelo guia Lonely Planet, bíblia de todo viajante nesta região, mas que na minha opinião merece uma séria revisão, mas isso é assunto para depois.Ao chegar no hotel me informei a respeito do preço dos quartos: Rs1.100 e Rs900, razoável para um hotel mediano em uma grande cidade, mas nada que se possa chamar de pechincha. Porém fomos alertados pela melhor e mais confiável fonte de informação existente, outros turistas, que o hotel em frente era muito bom e praticava preços muito melhores que o Pear Palace. E assim o foi: Rs800 por um quarto com ar condicionado, equivalente àquele de Rs1.100. Porém cabe aqui uma dica: pechinche sempre; não custa nada e o povo indiano está acostumado. Digo isso porque quando do nosso check-out ouvi alguém que estava fazendo o check-in conseguir Rs600 por quarto semelhante.

O hotel, o Chitra Katha (www.chitrakatha.co.in ), é agradável, novíssimo e bem decorado, com pinturas no teto e paredes. Possui um modesto mas gostoso restaurante num jardim com uma vista fabulosa do forte Hathroi, forte este que segundo os locais é fechado para visitação por ser “residencial”. O único senão do hotel fica por conta dos empregados darjilianos. Calma, eles não são de outro planeta, apenas nasceram em Darjeeling, no norte da Índia.

São muito solícitos, é verdade, mas também são péssimos no inglês o que torna qualquer solicitação de serviços um pequeno martírio.Acomodados, saímos para uma caminhada. Destino: Pink City, ou Cidade Velha. Na verdade a Pink City é uma cidadela, cercada por muros, construída por um marajá local para proteção contra Deus sabe quem, e recebe este nome porque todas as construções tem um acabamento em uma argila terracota, que algum daltônico resolveu chamar de rosa. Existem vários portões de aceso, mas o portão principal é realmente magnífico.

Posso imaginar minha reação caso eu fosse um modesto comerciante chegando pela primeira vez com meus camelos a esta cidade rosa (ou terracota) e me deparando com este espetacular portão no meio de lugar nenhum. Literalmente passaria a adorar o marajá como um Deus vivo.

A Cidade Velha é composta basicamente por pequenas lojas num emaranhado de atividades, de tecidos e roupas à doces e estátuas. Mas Jaipur é realmente famosa por seu mercado de jóias e pedras preciosas. Aqui pode-se encontrar verdadeiras pechinchas para aquele que deseja comprar e comercializar este tipo de mercadoria.
Porém é bom ficar em alerta, pois, também aqui quando a esmola é demais o santo deve desconfiar; existe toda a sorte de golpes envolvendo jóias que se possa imaginar: mercadorias que nunca são entregues, troca de itens por outros de menor valor e por ai vai.

E assim fomos caminhando displicentemente Pink City à dentro cruzando para a parte norte da cidade, além da Chandpol Bazar, a movimentada avenida que corta a cidade velha ao meio. Não percebemos que estávamos agora em uma área residencial e nada turística. Paramos para descansar quando fomos a bordados por dois rapazes, inicialmente simpáticos, mas que aos poucos adotaram um tom de voz bastante agressivo, dizendo, em um inglês ruim, coisas desconexas como eu odeio seu país e eu não gosto da sua gente. Era evidente que queriam um motivo qualquer para iniciar uma briga.

Para nossa sorte, usávamos um bastão de caminhada cada e, ao me levantar, apanhei o meu. Imediatamente um dos rapazes mudou o tom de voz e convenceu o outro a ir embora. Passado o “perrengue”, mais tarde eu entendi porque os rapazes ficaram tão intimidados com o bastão de caminhar: a polícia usa varas de bambu, semelhantes aos nossos bastões, para controlar a multidão. Acredito que eles confundiram o tal bastão com uma arma e nos deixaram em paz.

No dia seguinte, contratamos um rickshaw, por Rs350, para nos levar até o “Amber Fort” a 11 Km da cidade e a outros pontos de interesse. Existem outras opções como comprar um ticket para um “full day tour” na rede de hotéis RTDC ao preço de Rs200, mas optamos pelo rickshaw por ser mais flexível. Os ingressos para o “Amber Fort” custam Rs200 cada, mas recebemos um desconto de 50% com carteiras de estudante. A maioria das atrações na Índia dá descontos a estudantes que podem variar entre 10 e 50%. Portanto é uma boa pedida trazer sua carteira de estudante caso você possua uma.

O forte é maravilhoso, merece ser visto e compensa o dinheiro pago. Ele situa-se no alto de uma colina que pode ser alcançada a pé, de jipe ou no lombo de um elefante. Como eu considero o jipe um exagero e o elefante muito turístico à exorbitantes Rs550 por um passeio de 500m, seguimos a pé mesmo. A visita ao forte e palácio toma cerca de duas horas. Há opções de áudio-guia por Rs150 ou “índio-guia” por Rs200.

Na volta pedimos ao motorista do rickshaw para passarmos pelo “Monkey Temple”, que, como o próprio nome diz, é um templo dedicado ao deus macaco. É interessante, mas que não é lá essas coisas, sendo uma daquelas atrações “veja se tiver tempo”.

Após muita insistência do nosso motorista concordamos em visitar uma fábrica de tapetes de pelo de camelo . A visita é gratuita e interessante, onde nos é explicado todo o processo de fabricação do tapete, do corte do pelo ao desenho final, mas, é claro, existe sempre um preço a pagar, que neste caso era a expectativa de que se compre algo ao final da visita. Após mil e duzentas ofertas de tapetes polidamente recusadas, retornamos ao rickshaw onde o insistente motorista tentou nos arrastar mais uma vez para outra fábrica, desta vez a uma fábrica de jóias, na esperança de que comprássemos algo e ele recebesse sua comissão. Porém destas vez fomos fortes o bastante e declinamos o convite veementemente.

Na manhã seguinte prosseguimos viagem, indo de ônibus para Pushkar, pagando módicas Rs150 cada. Módicos no preço, porque a viagem…. Bom, mas isso é assunto para o próximo post.

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Delhi, o primeiro contato

Se existe um outro nome para caos, este nome é Delhi. Pegue uma favela do Rio de Janeiro, com vielas apertadas e horríveis fachadas, coloque dentro dela o alucinante comércio da 25 de março, adicione automóveis, motocicletas, “rickshaws”, bicicletas, com motoristas que simplesmente não conseguem dirigir sem a utilização frenética de suas buzinas, misture com dez milhões de pessoas fazendo, simultaneamente, tudo aquilo que lhe der na telha e você terá uma vaga ideia ao que me refiro.

Definitivamente não é o lugar ideal para uma lua-de-mel, mas se você tem estômago e disposição para encarar o diferente este pode ser um bom local para sua próxima viagem.

Minha primeira visão de Delhi foi estonteante: o novo aeroporto, construído sob encomenda para os Commonwealth Games é bonito, luxuoso e decorado com extremo bom gosto. Entretanto, ao primeiro contato com os “nativos” você compreende a necessidade de aprender uma lição e aprende-la rápido: saiba dizer não, não uma, não duas, mas meio milhão de vezes, e isso apenas para uma pessoa. Indianos, particularmente em Delhi são extremamente insistentes em oferecer-lhe serviços não solicitados e tal como as moscas australianas, não se deixam persuadir por simples e educados gestos. Pedi uma informação a um funcionário do aeroporto e subitamente me vi pagando Rs 200 (rupias) para um carregador transportar minha bagagem até o estacionamento.

Ok, Rs 200 (rupias) não é muito dinheiro, algo em torno de 10 reais, mas para os padrões indianos é bastante dinheiro. Só para se ter uma idéia um hotel mediano custa algo em torno de Rs 900 (rupias) para duas pessoas por noite.

Por falar em hotel, fizemos reserva no hotel “Cottage Yes Please”. É, o nome é esse mesmo… A julgar pelo contato inicial imaginei que a estadia fosse resultar em uma pequena dor de cabeça: após enviar uma dúzia de e-mails solicitando uma reserva e um “pick-up” no aeroporto recebo uma simples resposta dizendo que eu tinha uma reserva. Sem números, sem referências, nada. Para minha grata surpresa, assim como tudo mais relacionado ao hotel, 2:15 da manhã lá estava uma pessoa nos esperando no aeroporto para realizar o traslado ao hotel. Tal serviço nos custou Rs 600 (rupias). Cottage Yes Please é simples, porém limpo, organizado e eficiente estabelecimento, o que para os padrões indianos já é um achado, localizado no bairro de Paragange, no centro velho da cidade, pelo qual pagaríamos Rs 900 por noite.

Uma vez alojados o segundo desafio é comer, pois nesta hora, três cuidados são necessários:

- Água, só mineral;

- Saladas, frutos e outros alimentos crus, normalmente lavados, nem pensar. O risco para nós, estrangeiros, contrairmos uma doença digestiva é enorme.

- E nunca, nunca mesmo, olhe para o interior de uma cozinha…

A comida é maravilhosa, com milhares de aromas e sabores exóticos. Thalis, punirs, curris, chais, doces e salgados maravilhosos saem dos mais grotescos catres que se pode imaginar, lugares que só poderiam ser definidos como “Satan Kitchens”. E não espere encontrar aquele maravilhoso restaurante para poder almoçar ou você fatalmente morrerá de fome.

Como o plano era sair de Delhi em direção a Jaipur, “the Pink City”, por trem, o próximo passo foi comprar as passagens. Esta simples atividade se revelou o mais puro e dantesco pesadelo. Não tenho suficiente discernimento para compreender o porque isso acontece, mas as pessoas em Delhi mentem para você deliberadamente o tempo todo. Portanto nunca peça uma informação a um passante na rua e nunca, nunca mesmo confie naquele estranho que solicito, educado e bem humorado faz algumas simpáticas perguntas sobre sua nacionalidade e para onde você vai, para em seguida lhe “ensinar o caminho correto”. E ai se incluem os motoristas de rickshaw, pequenos táxis triciclos.

Após um rápido breakfeast em um daqueles catres, tomamos um rickshaw motorizado até a estação de trem onde, no “touristic bureau”, são vendidos os únicos bilhetes de trem nos quais se pode confiar. O motorista nos levou a um lugar que não se parecia muito com uma estação de trem, mas o rapaz parecia ser uma boa e confiável pessoa. Após 10 minutos tentando adivinhar onde seria o tal birô, fomos abordados por outro “solicito passante” que nos indicou um lugar totalmente diferente. Levou-nos até o rickshaw que nos aguardava, deu algumas instruções ao motorista e este nos levou até o suposto guichê. Munidos do guia Lonely Planet nós sabíamos que o o tal birô estaria no segundo andar de um edifício e este suposto local tinha, realmente, dois andares e o “guichê” era no segundo andar. Porém o local era tão insalubre que nem o mais horrendo funcionário público trabalharia ali. Perguntamos a duas garotas que saíam do local e elas nos informaram que pagaram Rs 2.000 cada pelas mesmas passagens de trem que desejávamos.

Duvidando da veracidade do local fomos interpelados por um homem de turbante que ,aos berros, começou a argumentar se eu duvidava da sua palavra e que se ele fosse branco eu confiaria nele. Sem entrar em conflito com o insano mentiroso, pagamos o outro mentiroso que dirigia o rickshaw e nos dirigimos, desta vez a pé, ao verdadeiro local, graças a informações colhida junto a policiais e turistas, aparentemente as únicas pessoas em que se pode confiar em Delhi. O tal birô fica dentro da estação de trens, um prédio enorme com um enorme trem de concreto em sua fachada, no segundo andar, como descrito no guia. Após mais três ou quatro “solícitos passantes” tentarem nos desviar do local correto, finalmente compramos os tickets para Jaipur no trem das 06:05 da manhã, em um vagão com ar-condicionado, pelos quais pagamos Rs 415 cada. Mais tarde descobrimos que o golpe mais comum nas ruas de Delhi é induzir turistas a irem a locais que vendem tickets verdadeiros, pelos quais se pagará duas, três ou até quatro vezes mais que o preço oficial.

Após um rápido jantar no Kitchen Café, um agradável, pelos padrões de Delhi, restaurante “roof top” próximo ao hotel e uma merecida noite de sono, acordamos bem cedo e caminhamos até a estação de trem. E aqui cabe uma outra nota: ruas que no Brasil eu não transitaria de dia com um escolta armada, em Delhi pode-se passear assobiando em plena madrugada.

Fui preparado para o pior: os trens costumam atrasar bastante, o que foi prontamente confirmado, assim que entrei na estação, pela voz no alto-falante que se desculpava pelo atraso de duas horas em um dos trens. Rezando para não ser o nosso, tentei, em vão, descobrir no quadro de horários a plataforma de partida. Perguntei a um policial e este me indicou a plataforma 2, o que foi confirmado por outros turistas no local. Para minha agradável surpresa o trem apareceu exatamente no horário estabelecido.

Embarcados, acomodados, prontos para a jornada de 4 horas e meia, próxima parada: Jaipur.

E tudo começou...

“À Índia fui em férias passear, tornar realidade um sonho meu…”

Esta canção foi durante muito tempo a minha música favorita e é, provavelmente, a marca registrada da minha infância. Porém, a verdade é que nunca sonhei conhecer a Índia. Muito pelo contrário. Em todo o planeta acho que este é, juntamente com grande parte do continente africano, o único lugar que realmente nunca pensei em visitar. Europa, Egito, Grécia sempre me pareceram os destinos mais aprazíveis.

Pois bem, após cerca de um ano vivendo na Austrália eu e a Elly, minha namorada Australiana, resolvemos ir, eu de volta, ela pela primeira vez, ao Brasil. Porém, enquanto a Elly procurava suas passagens aéreas, por acaso encontrou tickets para o Brasil passando pela Índia por um preço realmente tentador: apenas duzentos dólares australianos a mais uma que um voo direto para o Brasil. Apaixonada pela Índia como ela é, ela rapidamente convenceu-me. Ok, Índia, ai vamos nós!

O roteiro básico foi por ela planejado e consiste basicamente em aterrizar em Delhi, realizar um grande círculo envolvendo as principais cidades do Rajistão, quais sejam, Jaipur, Pushkar, Udaipur, Jaisemer e Jodpur, indo a seguir para leste para a cidade de Agra com seu mundialmente famoso Taj Mahal, prosseguindo para a mais antiga e sagrada cidade da Índia, Varanassi, finalizando a jornada no Himalaia, em Dargilin e Sikkim, retornando à Delhi e, finalmente, prosseguindo para o Brasil. Esperamos consumir, nesta empreitada, 6 semanas e não mais que U$1500 cada, já descontadas as passagens aéreas, sem passar fome e nos hospedando em locais baratos, mas também aprazíveis e que tenham uma boa relação custo benefício. Ou seja, uma viagem “hard-core”.

Acontece que viajar pela Índia não é como ir à Disney: tudo é complicado e desorganizado, algumas vezes chegando a ser assustador. Assim sendo resolvi registrar nossa experiência neste pequeno jornal. Poderia chama-lo de diário, mas como ele não representará o dia-a-dia da viajem, e sim um apanhado dos melhores momentos em cada cidade, prefiro referir-me a ele como jornal.

Então será isso que você, dedicado leitor aqui terá: uma coletânea do melhor, e também do pior que vivenciarmos em nossa pequena odisseia, permeado de dicas e informações obtidas, nossos erros e acertos, todos os “Do and don’t” coletados, para servir, quem sabe, como ponto de partida para aquele que deseje se aventurar neste rico culturalmente, pobre financeiramente, mágico, intrincado e complicado país.

Malas prontas, tudo preparado, cá estamos prontos para embarcar em Brisbane, fazendo uma rápida escala em Singapura. Destino final: Delhi…

À Índia fui em férias passear

Em primeiro lugar, quem sou eu:

Paulistano! Este foi e ainda é o meu primeiro rótulo. O segundo foi ” Clovis”, meu merovingio nome.

Militar do Exército, major, aposentado, pós-graduado, “informático”, consultor, com mestrado, professor de TI nas Universidades Paulistana, Ibirapuera e São Marcos.

Filho mais velho, primogênito de seis, divorciado, pai de três.

Músico, tentativa de pintor, arremedo de poeta, por vezes cantor, por outras compositor.

Cansado de tantos rótulos resolvi abandonar tudo e, literalmente, deixar a vida me levar. De rótulos só restou o nome. E a vida me levou: me mudei para Aracaju, lá na praia de Atalaia. Minha irmã foi pra Austrália? Pois Austrália, lá vou eu.

Após um ano de Austrália, vou de volta ao Brasil, mas passando pela Índia. Então cá estou, na esperança de divertir e informar.

Então vejo vocês no próximo “post”.

Carpe Diem e namastê!

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